Pandemia da corrupção mata mais que covid-19

É com misto de sentimentos de pesar e revolta que os brasileiros assistem todos os dias homens públicos estarem no centro de operações da Polícia Federal que apuram superfaturamentos de compras de equipamentos, obras inacabadas, empresas escolhidas sem licitação envolvidas em dezenas de processos junto a tribunais de contas, sem a mínima condição técnica e sem lastro para garantir qualquer prejuízo que possam causar ao erário público.

São Governadores, Prefeitos, Secretários e assessores suspeitos de em verdadeira formação de quadrilha com maus empresários e intermediários desviarem dinheiro do povo brasileiro em proveito próprio ou para fazer caixa 2 para as eleições que se avizinha.

De norte a sul os casos se proliferam – São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Acre, Amapá, Roraima, Pernambuco, São Luís, Ceará dentre outros -mostrando que o marco da lava-jato, importantíssimo no combate a corrupção, não deixou receio de se praticarem novos atos. Um olhar na prática criminosa sem fim ou minimização passa pela impunidade. Praticamente todos que foram condenados estão em liberdade graças a uma decisão do STF que feriu de morte a prisão após condenação em 2ª instância.

Aqui no Ceará, mais de 200 procedimentos de apuração de denúncia de malversação do dinheiro público foram instaurados pelo Ministério Publico Estadual em desfavor de inúmeras Prefeituras.

Em Fortaleza, pelo volume de recursos a operação da Polícia federal Dispneia chamou atenção de todo o País. Respiradores foram adquiridos pelo valor de R$ 234,000,00 a unidade, se transformando no mais caro do País. Pior, empresa de fundo de quintal foi escolhida com a prerrogativa da não licitação em época de pandemia e simplesmente não fez a entrega dos respiradores no caso do contrato com o Instituto José Frota gerando um prejuízo de mais de R$ 12.000.000,00.

Também em Fortaleza um hospital de campanha foi montado no tradicional estádio Presidente Vargas e entregue a uma organização social de saúde (OSS) de São Paulo para seu gerenciamento pela bagatela de R$ 95.000.000,00.

E mais, Testes de detecção do covid-19 foram comprados e estão sob suspeita de superfaturamento, já que a unidade saiu por R$ 250,00. Aracati comprou o mesmo teste por R$ 25,00, segundo denúncia de um vereador.

O Senador Eduardo Girão (PODE-CE) protocolou projeto de lei nº 1.797/20 em abril que dobra as penas para agentes públicos que desviarem recursos destinados ao enfrentamento da pandemia do covid-19. Não houve interesse.

Homens públicos que deveriam zelar pelo interesse e dinheiro do povo estão na berlinda, e aqueles que comprovadamente forem responsabilizados não passam de sociopatas, verdadeiros predadores inseridos na sociedade que traem quem os elegeu e matam aos milhares.