É preciso diferenciar “comprovação de evidências”, diz Francisco Cardoso, médico infectologista que atuou como uma espécie de conselheiro informal do Ministério da Saúde no tema do tratamento precoce. “A maior parte da medicina trabalha com evidência, não com comprovação. Você não precisa ter um medicamento comprovado definitivamente para fazer o tratamento das pessoas”, explica. Além disso, ele afirma que, dentro das evidências, muitos medicamentos são adotados com base em evidências consideradas “moderadas” – em vez de “fortes”. A conversão de “evidências” em “comprovação científica” leva anos, exige dezenas de milhões de dólares e, em muitos casos, nunca ocorre.
“O tratamento off-label foi feito com a dengue, com a zika e com a H1N1. Na época da H1N1, o tamiflu foi introduzido sem nenhum tipo de estudo conclusivo – que até hoje não existe”, salienta.
Um estudo mais recente e publicado pelo respeitado American Journal of Medicine vai na direção oposta da OMS – que prega a não utilização. O levantamento conclui que um coquetel de medicamentos, entre eles a hidroxicloroquina e a azitromicina, de fato tem efeitos benéficos no tratamento da Covid-19, evitando que os pacientes cheguem às etapas avançadas da doença. O estudo foi liderado por Peter A. McCullough, experiente cardiologista e professor de Medicina da Universidade Texas A&M. Outros 22 pesquisadores participaram dos testes.
A pesquisa sugere o uso de quatro a seis medicamentos, dependendo do perfil do paciente, em um tratamento que dura em média uma semana. “A verdade é que, quando usamos vários medicamentos combinados, podemos reduzir drasticamente o risco de hospitalização e morte”, disse McCullough em entrevista à Gazeta do Povo. O estudo liderado por ele observou que, quando a hidroxicloroquina é aplicada numa fase posterior do tratamento, ela apresenta eficácia nula. Por outro lado, uma aplicação precoce apresentou bons resultados. Neste caso, medicamentos contra a malária, como a hidroxicloroquina, “podem reduzir a progressão da doença, prevenir a hospitalização” e são “associados a uma mortalidade reduzida”.
CÁ PRA NÓS: A “verdade” que a oposição quer criar na CPI do covid tem muitas controvérsias, e nos parece que por ai não vai.
Uso no tratamento precoce e tenho tido bons resultados.