Em depoimento ao Ministério Público Federal do Amazonas, o gerente de negócios da White Martins Petrônio Bastos contou detalhes sobre a primeira reunião que teve com o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em 11 de janeiro deste ano, para falar sobre o risco de desabastecimento de oxigênio no estado, que de fato aconteceria três dias depois. O encontro se deu em um café da manhã na casa do ex-ministro, em Manaus.
“Passamos [a ele] a dificuldade do volume de oxigênio, o possível colapso, precisava saber o que vinha pela frente. Foi quando ele disse que a questão do apoio logístico não teria problema nenhum, que seria disponibilizado”, disse o gerente em depoimento obtido por VEJA. Apesar do otimismo de Pazuello, diversos hospitais registraram falta do insumo básico a partir do dia 14 de janeiro, com relatos de pacientes morrendo por asfixia e uma corrida desenfreada para conseguir cilindros de oxigênio pela cidade.
Segundo Bastos, o então ministro ainda lhe passou o contato do seu auxiliar direto, Airton Soligo, conhecido como Cascavel, para resolver qualquer tipo de problema que tivessem com o transporte. A Força Aérea Brasileira (FAB) já vinha atuando desde 8 de janeiro para levar oxigênio de Belém a Manaus pelo modal aéreo. As ações, no entanto, não foram suficientes para sanar a alta demanda pelo insumo nos hospitais.
No depoimento à Procuradoria, feito na condição de testemunha, o gerente da White Martins ainda relatou que vinha “reforçando” desde o dia 24 de dezembro de 2020 que precisava da previsão futura de consumo do oxigênio à medida em que as autoridades estavam abrindo a cada dia mais leitos de UTI. Também destacou que cabia ao governo do Estado — comandado por Wilson Lima (PSC-AM) — fazer essa estimativa, o que só começou a ser feito a partir do dia 12 de janeiro, quando o colapso já era irreversível diante dos problemas logísticos de Manaus.
“Nós não tínhamos essa informação”.
Em depoimento à mesma Procuradoria, desta vez na condição de investigado, o secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêllo, explicou que a White Martins não havia sido clara sobre a possibilidade de desabastecimento nos hospitais. Segundo ele, o problema que a empresa havia lhe alertado era sobre a logística de cilindros e não sobre o risco de fornecimento. As declarações de Pazuello vão na mesma linha.
Fonte: Veja
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